sexta-feira, 20 de agosto de 2010

ANALFABETISMO POLITICO


Gosto dos algarismos, porque não são de meias medidas nem de metáforas.
 Eles dizem as coisas pelo seu nome, às vezes um nome feio,
 mas não havendo outro, não o escolhem.
 São sinceros, francos, ingênuos.
 As letras fizeram-se para frases; o algarismo não tem frases, nem retórica.
 Assim, por exemplo, um homem, o leitor ou eu, querendo
 falar do nosso país, dirá:
 Quando uma Constituição livre pôs nas mãos de um povo o seu destino,
 força é que este povo caminhe para o futuro
 com as bandeiras do progresso desfraldadas
. A soberania nacional reside nas Câmaras;
 as Câmaras são a representação nacional.
 A opinião pública deste país é o magistrado último,
 o supremo tribunal dos homens e das coisas.
 Peço à nação que decida entre mim e o Sr. Fidélis Teles de Meireles Queles;
 ela possui nas mãos o direito a todos superior a todos os direitos.
 A isto responderá o algarismo com a maior simplicidade:
 A nação não sabe ler.
 Há só 30% dos indivíduos residentes neste país que podem ler;
 desses uns 9% não lêem letra de mão.
 70% jazem em profunda ignorância.
 Não saber ler é ignorar o Sr. Meireles Queles;
 é não saber o que ele vale, o que ele pensa, o que ele quer;
 nem se realmente pode querer ou pensar.
 70% dos cidadãos votam do mesmo modo que respiram: sem saber
 porque nem o quê.  Votam como vão à festa da Penha,
 - por divertimento ou obrigação.
 A Constituição é para eles uma coisa inteiramente desconhecida.
 Estão prontos para tudo: uma revolução ou um golpe de Estado.
 Replico eu:  Mas, Sr. Algarismo, creio que as instituições...
As instituições existem, mas por e para 30% dos cidadãos
. Proponho uma reforma no estilo político.
Não se deve dizer: "consultar a nação, representantes da nação,
 os poderes da nação"; mas -  "consultar os 30%, representantes dos 30%,
 poderes dos 30%". 
A opinião pública é uma metáfora sem base; há só a opinião dos 30%.
 Um deputado que disser na Câmara: "Sr. Presidente, falo deste modo
 porque os 30% nos ouvem..." dirá uma coisa extremamente sensata.
 E eu não sei que se possa dizer ao algarismo, se ele falar desse modo,
 porque nós não temos base segura
para os nossos discursos, e ele tem o recenseamento.




(ASSIS, Machado de. "Obra Completa". Rio de Janeiro: Nova Aquilar, vol. 111, 1969.)




Em épocas de eleição não há como fechar os olhos a situação
 politica-educacional atual.
Por esse motivo  nosso blog irá viajar no que poderia ser "nosso sonho...
O fim do analfabetismo social e politico".
Como cidadãos e cidadãs conscientes que somos certamente gritaremos juntos
 nas urnas para que a 
situação politica e social atual comece e ser vista como algo que necessita de mudança...URGENTE!
Preste atenção as propostas políticas do seu candidato no que
 se refere a EDUCAÇÃO.
.Nenhum país pode progredir sem dar ênfase a educação do seu povo.

Elaine


Um comentário:

  1. COM CERTEZA, AMIGA.
    SE NÃO LUTARMOS POR UM PAÍS MELHOR, QUE DÊ VALOR AO QUE DE FATO É IMPORTANTE, COMO A EDUCAÇÃO.. PELO QUE MAIS VALERIA A PENA LUTAR?
    ÉPOCA DE ELEIÇÃO, NÃO É APENAS A - ÉPOCA "CHATA" DOS HORÁRIOS POLÍTICOS QUE ATRAPALHAM A PROGRAMAÇÃO DA TV - (COMO VENHO OUVINDO COM FREQUÊNCIA POR AQUI) E SIM É LITERALMENTE O MOMENTO EM QUE A DECISÃO SOBRE NOSSO FUTURO ESTÁ EM NOSSAS MÃOS.
    BEIJO! TE ADORO...

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